quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

FOLHA DE S. PAULO ENTREVISTA MENALTON BRAFF SOBRE V CONGRESSO BRASILEIRO DE ESCRITORES


Ribeirão Preto resgata UBE de Mário de Andrade


Folha de S. Paulo entrevista Menalton Braff sobre o V Congresso Brasileiro de Escritores

19.01.2011

Cidade resgata UBE de Mário de Andrade

Entidade de escritores, que já atraiu nomes como Sérgio Milliet e Oswald de Andrade, fará congresso em Ribeirão

Liberdade de expressão, tema de 1945 e 1985, ainda está ameaçada e mantém-se na pauta, afirma Menalton Braff

JULIANA COISSI

DE RIBEIRÃO PRETO

Em 1945, no primeiro governo Getúlio Vargas, escritores como Oswald de Andrade, Jorge Amado e Sérgio Milliet redigiram um protesto pelo livre pensamento. Quarenta anos depois, o teatro

Sérgio Cardoso, na capital, ficou lotado para um desabafo coletivo pelo fim da ditadura.

Após um lapso de 25 anos sem nenhum encontro, a UBE (União Brasileira dos Escritores), que teve Mário de Andrade como um dos fundadores, escolheu Ribeirão Preto para retomar a tradição de realizar congressos.

A 5º edição do Congresso Brasileiro de Escritores deve ocorrer na cidade entre os dias 12 e 15 de novembro, com a expectativa de reunir cerca de mil cronistas, romancistas, ensaístas e contistas de todo o país.

Moacyr Scliar, 73, colunista da Folha, se recorda do sentimento de fim da opressão compartilhado no último congresso, em 1985.

"Eu me lembro de escritores falando a favor da liberdade de expressão. Congressos como esse, na época, tinham uma importância muito grande, porque ainda era o fim da ditadura."

Mais cético, o escritor Ignácio de Loyola Brandão resumiu o evento de 1985 mais como um "alívio" pelo fim da repressão do que um debate frutífero de ideias.

Menalton Braff, 72, hoje diretor de integração nacional da UBE, recorda-se até de intervenções artísticas em meio ao debate. "Um escritor do Piauí quis declamar sua poesia, e começou uma briga entre os que diziam que isso não estava na pauta."

O primeiro e mais célebre dos congressos, o de 1945, marcou-se como um protesto pela opressão do Estado Novo (leia texto ao lado).

CENSURA MORAL

Apesar da distância de 65 anos do primeiro encontro, um tema ainda parece ameaçado e se mantém na pauta: a liberdade de expressão.

Se a censura política cerceou o ofício da escrita no passado, é a censura moral que recai hoje sobre a literatura, segundo Menalton.

Prova disso, diz, foi o veto pelo MEC à obra "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, e pais que chamaram de pornografia obras de Loyola Brandão e Cristovão Tezza lidas na escola.

Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Janeiro de 2011

MEMÓRIA

Em 1945, 1º congresso teve cunho paulista

DE RIBEIRÃO PRETO

Talvez o professor Antonio Candido, arrisca Menalton Braff, seja um dos únicos escritores ainda vivos a participar de todos os congressos da UBE -desde o mais célebre, de 1945.

O espaço escolhido foi o Teatro Municipal de SP. Nada mais natural para um grupo até então apenas de escritores da capital, da antiga Sociedade Paulista dos Escritores.

Em 22 de janeiro, Oswald de Andrade, Sérgio Milliet e outros redigiram o manifesto exigindo a legalidade democrática, "garantia da completa liberdade de pensamento", segundo um trecho. Naquele ano, findava-se o Estado Novo de Getúlio Vargas.

O segundo encontro foi dois anos depois, em BH. Em Salvador, no congresso de 1950, a sigla UBE se consolidou como entidade nacional. Seriam 35 anos de silêncio até o quarto e último encontro, em 1985.

NOTA: notícias da União Brasileira dos Escritores em Ribeirão Preto http://uberp.blogspot.com/


in: http://www.ube.org.br/

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